Alimentação e Câncer
O câncer vem se tornando um evidente problema de saúde pública, sendo recentemente estimado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para 2030, uma média de 27 milhões de casos, 17 milhões de mortes pela enfermidade e 75 milhões de pessoas vivas, anualmente, portadoras da doença. Tendo em vista tais números, medidas preventivas devem ser implementadas visando a redução da carga do câncer.
Várias evidências indicam que a alimentação ocupa um papel importante no mecanismo de desenvolvimento de tumores. É considerada um dos mais importantes ,determinantes e modificáveis fatores de risco da doença, uma vez que uma simples escolha individual de alimentação contribui para a redução das chances de desenvolvimento de diversos tipos de câncer, além de promover um modelo de dieta mais saudável que também tem papel protetor contra inúmeras outras patologias.
Através dos alimentos as pessoas recebem a energia e os nutrientes necessários para o funcionamento adequado do organismo. Uma alimentação saudável é aquela que contêm nutrientes (proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas, minerais e fibras) em quantidade adequada para suprir as necessidades do corpo. Para que tudo isso ocorra, deve-se consumir diariamente uma variedade de alimentos cujas propriedades forneçam os nutrientes essenciais, na proporção ideal. Tanto a falta quanto o excesso podem causar desequilíbrio.
A “Pirâmide de Alimentos” é um instrumento, sob a forma gráfica, de orientação da população para uma alimentação mais saudável. Ela direciona os alimentos a serem consumidos e suas quantidades.
A pirâmide é dividida em grupos para facilitar estas escolhas. A base dita os alimentos que deverão ser consumidos em maior quantidade e no topo, nós encontramos os alimentos que devem ser utilizados com maior cautela. Cada grupo de alimentos é fonte de nutrientes específicos e essenciais a um bom funcionamento do organismo. A quantidade de porções de cada grupo recomendada para um indivíduo depende da sua necessidade de energia que está relacionada com a idade, peso, estatura e atividade física.
A relação entre o consumo de certos alimentos, sua forma de preparo, conservação e as quantidades ingeridas podem ser associadas ao risco de câncer, pois parecem fornecer o tipo de ambiente que uma célula cancerosa necessita para surgir, se multiplicar e se disseminar.
Confira algumas dicas:
Escolha alimentos e bebidas em quantidades que ajudam a alcançar e manter um peso saudável, uma vez que o excesso de peso e a obesidade são associados ao risco do desenvolvimento de inúmeros tumores. Desta forma procure sempre ler os rótulos dos alimentos para se tornar mais consciente do tamanho das porções e calorias consumidas, evite alimentos altamente calóricos e limite o consumo de bebidas adoçadas com açúcar, como refrigerantes, bebidas esportivas e bebidas aromatizadas;
Evite as frituras e alimentos gordurosos (carnes gordas, bacon, linguiça, leite integral, manteiga, queijos amarelos, maionese, creme de leite, pele de frango, salgadinhos, fast food, etc.);
Ao fritar, grelhar ou preparar carnes na brasa a temperaturas muito elevadas, podem ser criados compostos cancerígenos. Por isso, métodos de cozimento que usam baixas temperaturas são escolhas mais saudáveis, como vapor, fervura, ensopado, cozido ou assado;
No preparo dos alimentos use óleos vegetais (em pequenas quantidades) e temperos naturais como a cebola, o alho, a salsinha a cebolinha, entre outros. Para temperar as saladas, azeite de oliva extravirgem, ervas aromáticas (orégano, manjericão, alecrim e hortelã.) e uma pitada de sal. Evite os molhos prontos ou à base de creme de leite ou maionese;
Dê preferência aos alimentos naturais e frescos, enfatizando um maior consumo de frutas, hortaliças (verduras e legumes) e cereais integrais. Eles contêm nutrientes como vitaminas, fibras e outros compostos, que auxiliam as defesas naturais do corpo a destruírem os carcinógenos antes que eles causem sérios danos às células;
Evite a ingestão de produtos industrializados ricos em produtos químicos (conservantes, corantes, aromatizantes), enlatados, conservas, alimentos conservados em sal;
Dê preferência aos produtos integrais no lugar dos refinados. Eles contêm maior teor de vitaminas e sais minerais além de serem ricos em fibras. Apesar de não serem digeridas pelo organismo, as fibras ajudam a regularizar o funcionamento do intestino, reduzindo o tempo de contato de substâncias cancerígenas com a parede do intestino grosso;
Diminua o consumo de carnes processadas como bacon, presuntos, salsichas, lingüiças, mortadelas, dentre outros. Limite a ingestão da carne vermelha, escolhendo peixes, aves ou grãos como alternativa. Quando ingerir a carne vermelha, selecione cortes magros e coma em pequenas porções.
Varie sempre os alimentos para que sua alimentação não fique monótona e capriche nas cores, quanto mais colorida for sua alimentação, mais vitaminas e minerais estarão presentes.
Como visto, o padrão de uma alimentação “anti-câncer” esta presente em toda e qualquer dieta ou reeducação alimentar. É importante lembrar que para servir como agente protetor do organismo deve ser adotado constantemente e no decorrer da vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
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6. Wright JD, Wang CY. Trends in intake of energy and macronutrients in adults from 1999-2000 through 2007-2008. NCHS Data Brief. 2010;( 49): 1-8.
Autor:Dra. Anna Verano Nogueira
Breve Curriculo • Nutricionista graduada pelo Unicentro Newton Paiva, pós graduada em Nutrição Clínica pelo GANEP – Nutrição Humana, responsável pelo atendimento clínico/ambulatorial do Oncocentro de MG. |