A aspirina é útil no câncer de próstata?
Está em curso em San Francisco, California, um importante congresso abordando os tumores urológicos (ASCO GU 7-9 janeiro 2016). Nesse congresso pesquisadores de Boston apresentaram os dados de um estudo avaliando o uso da aspirina em homens e sua relação com a incidência e mortalidade do câncer de próstata.
Cerca de 22.000 médicos americanos foram acompanhados de 1982 a 2009. O objetivo principal do estudo foi avaliar a relação entre o uso regular de aspirina (aqui definido como pelo menos três comprimidos por semana) e o câncer de próstata letal (definido como câncer de próstata com metástase ou morte devido ao câncer de próstata).
Com um período de acompanhamento de 27 anos, 3.183 desses homens tiveram o diagnóstico de câncer de próstata, desses, 402 com tumores letais. As principais conclusões desse estudo foram:
– O uso regular de aspirina não reduziu a incidência de câncer de próstata nessa população avaliada. Ou seja, não diminuiu o número de diagnósticos de câncer de próstata.
– O uso regular de aspirina diminuiu o número de tumores considerados letais pelos pesquisadores.
– Em homens já com o diagnóstico de câncer de próstata, o uso regular de aspirina foi associado com uma menor mortalidade pela doença.
O uso de aspirina vem ganhando importância na oncologia (clique aqui). Esses dados, apresentados na ASCO GU, são interessantes, porém muitas dúvidas ainda existem em relação ao uso da aspirina em pacientes com câncer de próstata. Não se sabe por exemplo qual a dose ideal, por quanto tempo ela deve ser utilizada e quais são os pacientes que mais se beneficiariam do seu uso. Além disso a aspirina possui efeitos colaterais indesejáveis, como por exemplo aumentar o risco de sangramentos. Portanto novos estudos serão necessários para se determinar como, quando e quem deverá usar a aspirina, nesse contexto.
Referência:
- http://abstracts.asco.org/172/AbstView_172_158531.html
Autor
Dr. Volney Soares Lima
CRM MG 33029 / RQE 15235
Médico Oncologista Clínico do Hospital Felicio Rocho, da Clínica Oncocentro BH, da Urológica e do IPSEMG. Membro Titular Sociedade Brasileira Oncologia Clinica