Biópsia líquida: o futuro do diagnóstico do câncer

Biópsia líquida: o futuro do diagnóstico do câncer

Para se confirmar o diagnóstico de câncer temos que submeter o paciente a um procedimento cirúrgico para retirada da lesão suspeita ou apenas de um fragmento ou a uma punção por agulha. Em ambos os casos a meta é conseguir um fragmento sólido de tecido. A biópsia líquida é uma promessa menos agressiva como alternativa à biópsia tradicional. Vamos lá entender como funciona uma biópsia líquida!

A análise de um fragmento sólido tumoral permite avaliar o material genético celular e com isso escolher o melhor tratamento. No entanto, este tipo de procedimento fornece uma informação específica para aquele momento da doença e daquele fragmento de tecido. Isso quer dizer que variações intra- tumorais podem passar despercebidas neste tipo de procedimento. Exemplificando: quando de uma cirurgia para retirada de um tumor de mama obtemos a biópsia do tumor primário. Quando ocorre de o tumor recidivar nem sempre o tumor metastático apresenta as mesmas características histológicas e genéticas do tumor primitivo da mama e infelizmente nem sempre se consegue biopsiar o foco de metástase.

Mas o que é a biopsia líquida?

As células tumorais liberam na corrente sanguínea fragmentos de DNA tumoral em pequeno volume. Os avanços da ciência têm possibilitado a detecção desse tipo de material tumoral em um simples exame de sangue com uma grande vantagem: todo tipo de material genético pode ser avaliado. Assim alterações genéticas entre o tumor inicial e a metástase podem ser descobertas sem a necessidade de cirurgias maiores. Além disso, alterações evolutivas de um tumor em um mesmo paciente também podem ser acompanhadas (sabemos hoje em dia que tumores podem se tornar mais agressivos e com características diferentes ao longo do tempo).

Um grupo de pesquisadores americanos do Vale do Silício apresentou este mês, durante o congresso americano de oncologia, dados muito animadores da avaliação de mais de 15 mil casos de biopsia líquida:

– O custo da biopsia líquida pode ser até 60% menor que o custo de uma biópsia tradicional;

– Com a tecnologia atual um enorme número de mutações relacionadas ao câncer podem ser pesquisadas;

– É possível se monitorar a progressão do câncer através da biópsia líquida.

Os próximos passos são conseguir a detecção precoce do câncer e a escolha de drogas específicas apenas com a biopsia líquida. Os dados iniciais deste projeto são esperados para publicação ainda este ano.

Bibliografia:

http://www.nature.com/nrclinonc/journal/v10/n8/full/nrclinonc.2013.110.html

www.fortune.com/2016/06/05/asco-guardant-liquid-biopsy/

 

Autores:

Dra Maria Helena Cruz Rangel Da Silva
CRM mg 49563 RQE 28713
Médica Oncologista Clínica

Dr. Volney Soares Lima
CRM MG 33029 / RQE 15235
Médico Oncologista Clínico do Hospital Felicio Rocho, da clinica Oncocentro BH e do IPSEMG
Membro Titular Sociedade Brasileira Oncologia Clinica

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