Câncer de endométrio: novo teste diagnóstico
O endométrio é a membrana mucosa que reveste a parede uterina. O câncer de endométrio é o câncer ginecológico mais comum, mas infelizmente não há nenhum método de rastreamento eficaz, como temos a mamografia no câncer de mama, por exemplo. Uma das poucas manifestações da doença, é sangramento uterino em mulheres que já estão na menopausa. Entretanto, apenas 5% a 10% de mulheres na menopausa que apresentam sangramento terão o câncer como causa.
Análise genética do fluido endometrial através de lavagem uterina pode ser uma maneira de identificar câncer de endométrio em estágios iniciais e também identificar lesões pré-cancerígenas. Os pesquisadores dessa nova tecnologia descobriram uma sequência genética através da lavagem do fluido uterino e identificaram mutações em pacientes com câncer inicial. O método é tão sensível que poderá detectar doença ainda microscópica e que ainda são limitadas ao órgão. Quanto mais precoce o diagnóstico, maior será a chance de cura.
Essa descoberta foi através de um estudo com 107 pacientes com sangramento uterino anormal ou com alterações em ultrassom pélvico. Eram então submetidas a histeroscopia e lavagem uterina, que é o padrão para diagnóstico desse câncer. Foi então usado um painel genético para identificar as possíveis mutações relacionadas ao câncer. A análise patológica (material encaminhado ao médico patologista para visualização das estruturas em microscópio), identificou câncer em 7 dessas pacientes. E desses 7 casos, todas tinham mutações genéticas.
Cerca de 50% das pacientes sem evidência patológica de câncer, também apresentaram mutações genéticas. Foram mais frequentes em pacientes mais velhas e na menopausa. Essas pacientes serão acompanhadas para validar se quem tem mutação genética, irá desenvolver a doença.
Esse teste teve grande importância porque poderá ser capaz de identificar pacientes que ainda irão desenvolver o câncer. E esse método poderá evoluir também para outras tipos de câncer, não só de endométrio. Agora a pesquisa avança seus passos: o teste será aplicado em grandes populações para testar sua validade. Se for mantida a evidência, poderá se pensar em aplicá-lo como métodos de rastreamento do câncer de endométrio. Aguardamos ansiosos por novidades.
Referência: http://journals.plos.org/plosmedicine/article?id=10.1371/journal.pmed.1002206
Autora
Dra. Milena Macedo Couto. CRM 57978
Médica residente do serviço de oncologia do Hospital Felicio Rocho