Câncer de esôfago: duas doenças distintas com novas possibilidades de tratamento
Descobertas de um estudo do Cancer Genoma Atlas Research sugerem que o os dois subtipos histológicos do câncer de esôfago, o câncer de células escamosas e o adenocarcinoma, sejam duas doenças completamente distintas. Esses achados podem contribuir para o desenvolvimento de drogas específicas para cada tipo de tumor.De acordo com a classificação histopatologica, determinada na biópsia do tumor, existem os dois subtipos citados. Os achado foram que o câncer de células escamosas (encontrado principalmente no terço superior do esofago) se assemelha molecularmente aos cânceres de cabeça e pescoço, enquanto o adenocarcinoma (encontrado no terço inferior) se assemelha ao câncer de estômago.
O câncer de células escamosas está relacionado principalmente ao consumo de cigarro, álcool, dieta pobre em frutas e vegetais, além de fatores hereditários. Já o adenocarcinoma, está relacionado a obesidade , doença de refluxo gastro-esofagico crônica, infecção por H. Pylori, além da contribuição de álcool e cigarro.
No estudo, foram analisados 164 tumores de esôfago, 359 adenocarcinomas gástricos e 36 adenocarcinomas na junção esôfago-gástrica. Os tumores foram então submetidos a um extensa e complexa análise do seu DNA. A partir dessas análises, foram encontradas as alterações semelhantes a cada tipo de tumor.
Mas qual seria a importância dessa descoberta? Identificando-se mutações especifícas, é possível a pesquisa, desenvolvimento de novas drogas específicas para cada tipo tumor. Ou até mesmo, uso de drogas ja existentes para câncer de cabeça e pescoço e adenocarcinoma gástrico para o tumor de esofago. Por exemplo, já é aprovado no câncer gástrico metástico o uso de Herceptin naquele com mutação do HER-2. Poderá então abrir portas para essa medicação e novas possibilidades de tratamento.
“Esses achados apontam várias possibilidades de diferentes drogas alvo. A questão é como desenvolver a combinção certa e como testá-los para criar a terapia mais eficaz.”, enfatiza o pesquisador do estudo.
Referência: http://www.nature.com/nature/journal/v541/n7636/full/nature20805.html
Autora
Dra. Milena Macedo Couto. CRM 57978
Médica residente do serviço de oncologia do Hospital Felicio Rocho