Câncer de intestino e DNA tumoral circulante
As células de um tumor liberam fragmentos de seu material genético na corrente sanguínea do paciente. Esse material, chamado pelos cientistas de DNA tumoral circulante, pode ser detectado por um simples exame de sangue ( biópsia líquida) utilizando técnicas genéticas avançadas. Esse mês, na revista Science transacional medicine pesquisadores australianos publicaram resultados de um estudo onde a biopsia líquida foi útil para prever a recorrência do tumor de intestino.
Foram colhidos 1046 amostras sangüíneas de 230 pacientes com câncer de intestino grosso estádio II. De um total de 178 pacientes que não receberam quimioterapia adjuvante, 14, ou seja 11,9%, tiveram DNA tumoral circulante detectado após a cirurgia. Nesse pequeno grupo de pacientes houveram 11 casos ( 79%) de recidiva do tumor. Ao contrário, entre os 168 pacientes onde não foi detectado DNA circulante, houve recidiva da doença em apenas 16 pacientes ( 9,8%). Uma diferença bastante significativa entre os dois grupos!
Assim, a detecção do DNA tumoral circulante em pacientes com câncer de intestino grosso estádio II consegue detectar o retorno do tumor antes dos exames de imagem tradicionais ( como tomografia, ressonância e PET-CT). Isso pode trazer implicações importantes para o tratamento desses pacientes.
Novos estudos avaliando a utilidade da detecção do DNA tumoral circulante em pacientes com câncer de intestino vem sendo conduzidos. O fato é que a biópsia liquida vem trazendo grandes novidades para o combate ao câncer. Ela já foi estudada em mais de 50 tipos diferentes de tumor e no mês passado o FDA aprovou o primeiro teste de biópsia liquida, no caso para pacientes com câncer de pulmão.
Referência:
http://stm.sciencemag.org/content/8/346/346ra92
Autor
Dr. Volney Soares Lima
CRM MG 33029 / RQE 15235
Médico Oncologista Clínico do Hospital Felicio Rocho, da clinica Oncocentro BH e do IPSEMG
Membro Titular Sociedade Brasileira Oncologia Clinica