Câncer gástrico: nova opção de tratamento

Câncer gástrico: nova opção de tratamento

Outra novidade apresentada recentemente no Congresso Americano de Oncologia Clínica (ASCO 2017) foi a mudança no esquema de quimioterapia empregada antes e após a cirurgia do câncer gástrico ( de estômago). A nova estratégia mostrou-se mais eficaz e de mais fácil execução para o paciente.

Uma das opções do tratamento do câncer gástrico quando localmente avançado ou seja, já invadindo mais profundamente a parede do estômago e/ou atingindo linfonodos perigástricos porém sem atingir outros órgãos, é realizar a quimioterapia antes da cirurgia e depois da cirurgia. Essa estratégia mostrada pelo estudo MAGIC em 2006 era o padrão recomendado até então em alguns países. Os pacientes haviam sido randomizados para receberam somente cirurgia ou então quimioterapia com o esquema ECF (epirrubicina + cisplatina + 5-fluoracil) antes e depois da cirurgia.

Apesar de muitos pacientes não conseguirem completar todo o tratamento quimioterápico, o estudo comprovou o benefício em se realizar quimioterapia além da cirurgia no câncer gástrico. Os pacientes viveram mais, apresentaram menor índice de recorrência local e de metástases a distância em comparação àqueles que somente foram operados. Um dos inconvenientes desse protocolo de tratamento é que cada ciclo de quimioterapia durava 21 dias e o novo ciclo iniciava ao término do anterior. Ou seja o paciente usava a quimioterapia por 63 dias contínuos antes e após a cirurgia, o que dificultava a boa adesão ao tratamento.

O estudo FLOT4-AIO que mudou nossa forma de tratar o câncer gástrico nesse cenário foi apresentado esse mês na ASCO. O estudo comparou o esquema usado no estudo citado acima, ECF versus o esquema FLOT, ambos antes e após a cirurgia. O esquema FLOT é composto pelas drogas quimioterápicas docetaxel, oxaliplatina e 5-fluorouracil + leucovorin. Todas elas eram infundidas durante um dia e repetido a cada duas semanas até completar quatro aplicações, antes e após a cirurgia.

Os resultados dessa estratégia foram muitos superiores e animadores. Os pacientes foram acompanhados durante 43 meses desde o início do tratamento. Aqueles que receberam o esquema FLOT viveram 15 meses a mais do que aqueles que receberem ECF, com uma diminuição no risco de morte de 33%. Além disso os pacientes que receberam FLOT demoraram cerca de 12 meses a mais para apresentarem progressão de doença do que o esquema ECF. Mais pacientes conseguiram terminar todo o tratamento proposto no esquema FLOT. A complicações operatórias foram semelhantes aos dois grupos. Os efeitos adversos mais graves do grupo ECF foram náuseas e vômitos e do grupo do FLOT foi queda da imunidade e infecções.

O principal objetivo de se realizar a quimioterapia junto a cirurgia é aumentar a possibilidade de cura. Hoje temos uma nova e melhor arma para tentar atingir isso.

 

Autores

Dra. Milena Macedo Couto. CRM 57978

Médica residente do serviço de oncologia do Hospital Felicio Rocho

Dr. Volney Soares Lima
CRM MG 33029 / RQE 15235
Médico Oncologista Clínico do Hospital Felicio Rocho e da clinica Oncocentro BH
Membro Titular Sociedade Brasileira Oncologia Clinica

 

http://abstracts.asco.org/199/AbstView_199_191595.html

 

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