FoundationOne: Exame genético
Hoje sabemos o quanto é complexo o tratamento de cada tipo de câncer. Usamos a divisão de acordo com cada local no corpo como pulmão, mama, intestino, próstata, etc. Mas já sabemos que em cada tipo de doença ocorrem inúmeras alterações no DNA variando de tumor e de indivíduo. Conforme essas descobertas vem evoluindo, a quimioterapia tradicional vem dando lugar a novas drogas mais eficazes e menos tóxicas que agem no DNA lesado. FoundationOne é um exame genético detalhado que revela alterações do câncer do paciente que possibilita identificar tratamento alvo que ainda não havia sido considerado.
FoundationOne é um perfil genético que é capaz de identificar 315 genes relacionados ao câncer e mais 28 genes geralmente rearranjados ou alterados nos tumores sólidos. No caso de tumores hematológicos e sarcomas o teste é o FoundationOne Heme. A partir do resultado é possível identificar alterações associadas a drogas alvo e qualificar marcadores associados a resposta a imunoterapia. Qualquer paciente com tumor sólido pode realizar o FoundationOne que trará informações adicionais sobre o tratamento ou até mesmo ajudar o paciente a encontrar opções de estudos em andamento, mas geralmente é usado em doenças mais avançadas e espalhadas, quando as possibilidades de tratamento estão se esgotando.
Em 85% dos casos o exame é capaz de trazer resultados que levarão definição de condutas. Em cerca de 15 a 20% dos casos são identificados alterações no DNA que ainda não existem medicações específicas. O exame não prediz se o paciente terá resposta ao tratamento ou recorrência, ele apenas identifica quais mutações e drogas compatíveis ao tratamento.
O exame é feito a partir do material da biópsia que deu o diagnóstico da doença ou então através da pesquisa de DNA circulante do tumor no sangue (FoundationACT™). A amostra é enviada ao laboratório nos Estados Unidos (ainda não é realizado no Brasil) e o resultado do exame fica pronto em cerca de 15 dias partir do recebimento da amostra. Infelizmente o que inviabiliza seu uso em larga escala é seu alto custo. Tem que ser custeado pelo paciente, não é coberto por seguradas de saúde ou serviço público.
Autora
Dra. Milena Macedo Couto. CRM 57978
Médica residente do serviço de oncologia do Hospital Felicio Rocho