Medicina personalizada e câncer de intestino

Medicina personalizada e câncer de intestino

No câncer de intestino avançado podemos contar com algumas armas: cirurgia, quimioterapia e drogas biológicas. Existe um grupo de drogas biológicas, os inibidores de EGFR , que não funciona em pacientes que têm uma mutação na via do RAS (uma via de multiplicação celular que tem papel importante no câncer). O problema é que a droga não necessariamente funciona em quem não tem a mutação. Um grupo de pesquisadores canadenses publicou um trabalho que parece resolver a questão.

Os pesquisadores canadenses revisaram as amostras de tumor e de tecido normal de 572 pacientes que participaram do estudo original onde o Cetuximab, um inibidor de EGFR, se consagrou como uma opção terapêutica para pacientes sem a mutação na via RAS. Nesta avaliação eles avaliaram de qual grupo os pacientes pertenciam: portadores de material genético para produção de FCGR2A ou de FCGR3A. Estas siglas longas e complicadas marcam dois grupos diferentes de pacientes de acordo com algumas proteínas específicas de cada grupo. Destaco que em ambos os grupos as proteínas produzidas são variações do normal.

Para os pacientes do grupo FCGR3A não foi encontrada nenhum ligação com a eficácia do Cetuximab. Já no grupo do FCGR2A os pacientes que usaram Cetuximab apresentaram aumento no tempo de vida e no tempo de doença controlada quando comparados com os pacientes do mesmo grupo que não usaram Cetuximab. O benefício em tempo de vida foi maior no subgrupo de pacientes que tinha a carga genética toda programada para a produção de proteínas do tipo FCGR2A, onde houve um ganho médio de 5,5 meses em tempo de vida.

A avaliação da presença do FCGR2A ou do FCGR3A pode ser feita com exame de sangue. O teste ainda não está disponível para uso comercial.

O Cetuximab é uma droga cara e que tem seus efeitos colaterais. Poder personalizar a medicina e indicar a droga apenas para pacientes que realmente terão beneficio é essencial neste cenário.

Bibliografia:

www.sciencedaily.com/releases/2016/05/160513083118.htm

http://clincancerres.aacrjournals.org/content/22/10/2435.abstract

Autora

Dra Maria Helena Cruz Rangel Da Silva
CRM mg 49563 RQE 28713
Médica residente do serviço de oncologia Clínica Hospital Felicio Rocho

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