Neutropenia febril: uma emergência médica.

Neutropenia febril: uma emergência médica.

Em posts anteriores falamos sobre a alopecia, um efeito indesejável frequente da quimioterapia. Continuando a abordagem sobre os efeitos colaterais do tratamento, falaremos sobre a neutropenia febril.

Inicialmente, é importante entender que os neutrófilos são células do corpo responsáveis pela defesa do organismo contra agentes infecciosos, tais como bactérias, vírus e fungos. Por serem células de rápido crescimento, sofrem a ação dos medicamentos quimioterápicos que causam a destruição precoce e alteração do seu funcionamento. A redução do número de neutrófilos abaixo do valor normal no sangue é chamado de neutropenia.

Pacientes com câncer em tratamento oncológico estão mais susceptíveis a quadros de infecções graves, sendo a neutropenia o principal fator de risco para infecções nesses casos. O uso de corticoides em altas doses, mucosite e neoplasias hematológicas também estão relacionados ao aumento do risco de processos infecciosos.

Em muitos casos a febre é a primeira ou até mesmo a única manifestação de uma infecção em curso. A ocorrência da febre no paciente neutropênico é chamada de síndrome de neutropenia febril e por ser tratar de uma emergência médica deve ser tratada rapidamente.

De acordo com as principais diretrizes sobre o assunto, considera-se neutropenia febril a queda do número absoluto de neutrófilos abaixo de 500 células/microL ou abaixo de 1000 células/microL com sinais de rápido declínio, associado a febre (1 pico de temperatura oral maior que 38,3C ou a temperatura maior que 38C mantida por mais de 1 hora).

Detectado o quadro de neutropenia febril é importante a solicitação de exames laboratoriais e coleta de culturas do sangue para definição do agente infeccioso. Radiografia de tórax deve ser realizada em caso de sintomas respiratórios e outros exames de imagens de acordo com os sintomas presentes.

Na avaliação inicial do paciente neutropênico febril é de grande importância a definição do risco de complicações severas. A definição de baixo/alto risco é feita a partir dos valores de neutrófilos, tempo estimado de duração do quadro e sinais de disfunção dos rins e fígado. A classificação do risco é essencial para definição do tratamento.

O tratamento consiste no início precoce de antibiótico venoso, idealmente nos primeiros 60 minutos, com necessidade de internação hospitalar na grande parte dos casos. Medicações que estimulam a produção dos neutrófilos, como o Granulokine®, são indicadas para pacientes com neutropenia severa e contribuem para redução do tempo de internação.

Cerca de 20 a 30% dos pacientes possuem uma definição do foco de infecção e do microrganismo responsável pelo quadro e em grande parte o agente causador faz parte da própria flora do organismo.

Referências

uptodate.com

Antimicrobial Prophylaxis and Outpatient Management of Fever and Neutropenia in Adults Treated for Malignancy: American Society of Clinical Oncology Clinical Practice Guideline.

Clinical Practice Guideline for the Use of Antimicrobial Agents in Neutropenic Patients with Cancer: 2010 Update by the Infectious Diseases Society of America.

Autora

Camila Martins Fonseca Galizzi
CRM mg 52917 / RQE 32645
Médica Oncologista da Clínica Oncocentro BH.

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