Niraparib: novo tratamento para câncer de ovário
O câncer de ovário surge quando as células normais do ovário, tornam-se anormais e passam a crescer descontroladamente. É o segundo câncer mais comum do trato ginecológico, e é o que mais leva a óbitos dentre eles. O subtipo mais comum é o epitelial, que corresponde a mais de 90% dos casos.
Os fatores de risco mais bem estabelecidos são: raça branca; primeira menstruação precoce ou menopausa tardia; nunca ter engravidado; história familiar de câncer de ovário, mama, endométrio, principalmente naquelas com mutação nos genes BRCA1 e BRCA2.
Dados recentes publicados em uma importante revista médica mostram a atividade de uma nova droga nessa doença que assombra milhares de mulheres mundo afora.
O tratamento quimioterápico do câncer de ovário é baseado em esquemas que contenham a medicação cisplatina. Aquela paciente que apresenta recaída da doença em mais de 6 meses após o termino da quimioterapia com cisplatina, é chamada platino-sensível.
Publicado o estudo na New England Journal of Medicine, os resultados do Niraparib, uma nova medicação que inibe a via da PARP. Os inibidores de polimerase (PARP) poli (ADP-ribose) são uma nova classe de medicamentos.
A PARP é uma enzima envolvida na reparação do DNA. Alguns medicamentos quimioterápicos danificam o DNA. A adição de um inibidor de PARP nos esquemas quimioterápicos pode reduzir as chances das células cancerígenas se tornarem resistentes (parar de responder) à quimioterapia.
O estudo foi em pacientes com tumores platino-sensíveis recorrentes, ou seja, aquelas com recidiva de doença pelo menos após 6 meses após o término da quimioterapia com cisplatina.
O estudo continha 553 pacientes, divididos de acordo com a mutação do gene BRCA, e receberam o niraparib ou apenas o placebo para comparação. Houve grande ganho em tempo livre de recorrência para aquelas pacientes que receberam o niraparib. Entre as mutadas, houve diferença de 15,5 meses livre de progressão de doença a favor do niraparib em relação ao placebo. E também entre as não-mutadas, foram vistos benefícios. São números bastante expressivos dentro da oncologia. Os efeitos adversos da droga mais comum foram anemia, queda da imunidade e plaquetas, que foram manejáveis com ajuste do dose.
Os inibidores da PARP já haviam demonstrado benéficio no câncer de mama, e agora também nos trouxe dados muitos esperançosos no câncer de ovário.
Referência
http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1611310
Autora
Dra. Milena Macedo Couto. CRM 57978
Médica residente do serviço de oncologia do Hospital Felicio Rocho