Mudança no tratamento do câncer de próstata!ASCO 2017
Entre 2 a 6 de junho de 2017 aconteceu em Chicago, nos Estados Unidos, o congresso anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO). É considerado um dos eventos mais importantes no mundo dentro da Oncologia em termo de novidades e relevância cientifica. Dois estudos trouxeram dados bastante interessantes em relação ao uso de abiraterona no tratamento de primeira linha no câncer próstata metastático, o LATITUDE e STAMPEDE.
Como já explicamos em outras postagens, o tratamento do câncer de próstata metastático inicia-se com o bloqueio da produção de testosterona através de cirurgia ou medicamento. Com o tempo, o tumor passa a ser resistente a esse bloqueio, sendo necessário associar outras medicações, quimioterapia ou outro tipo de bloqueio hormonal. Até então, a quimioterapia com docetaxel combinada ao bloqueio hormonal era a única opção de tratamento na primeira linha, ou seja, em pacientes que ainda não haviam sido submetidos a outros tratamentos.
A abiraterona é uma medicação que bloqueia a enzima P-450c17, que atua na produção de hormônios andrógenos. Outros estudos já comprovaram a eficiência da droga quando utilizada após várias linhas de tratamento. No estudo LATITUDE a abiraterona foi utilizada na primeira linha de tratamento associado ao bloqueio hormonal. Foram selecionados pacientes com doença metástatica e mais agressiva. Os pacientes que receberam a medicação apresentaram redução do risco relativo de morte em 38% e demoraram o dobro do tempo para progredirem a doença em relação ao placebo. Além da melhora dos sintomas e dor óssea.
Já o estudo STAMPEDE também comparou o uso de abiraterona e placebo no tratamento de primeira linha de tratamento do câncer de próstata. A principal diferença entres os dois estudos é que este incluiu pacientes metastáticos e também pacientes com doença não metastáticas. O benefícios foram semelhantes aos encontrados no estudo LATITUDE, com maior benefício na doença metastática, mas também houve benefício na doença não metastática.
A vantagem do uso da abiraterona em relação a quimioterapia com docetaxel na primeira linha é em relação ao efeitos colaterais. A droga costuma sem muito bem tolerada e é uma excelente opção para pacientes mais idosos e debilitados. Os efeitos adversos mais comuns da droga são hipertensão e hipocalemia (queda do potássio). Deve ser usado com precaução em pacientes com problemas cardíacos e diabéticos.
http://www.nejm.org/doi/pdf/10.1056/NEJMoa1702900
http://www.ascopost.com/News/55700
Autora
Dra. Milena Macedo Couto. CRM 57978
Médica residente do serviço de oncologia do Hospital Felicio Rocho