Novidades sobre câncer de pulmão. ASCO 2017

Novidades sobre câncer de pulmão. ASCO 2017

Como todo ano, em junho, os oncologistas do mundo todo se dirigem à Chicago. É lá onde se realiza o maior congresso do mundo na área. Esse ano uma feliz coincidência: conseguimos assistir a um show do U2 que estava passando por Chicago. Falaremos aqui das novidades sobre câncer de pulmão apresentadas no congresso da sociedade americana de oncologia, ASCO. É muito bom trazer noticias positivas para as pessoas vítimas de uma das doenças que mais matam no mundo: o câncer de pulmão!

Muitos pacientes com câncer de pulmão são tratados com quimioterapia. Uma das drogas mais ativas, e também mais toxicas, é a cisplatina. O que dificulta seu uso em pacientes idosos debilitados. Uma análise dos estudos MILES-3 e MILES-4 mostrou que a combinação de cisplatina com a gencitabina ou pemetrexed não aumentou de forma  significativa o tempo de vida de pacientes acima de 70 anos. O tratamento combinado foi  comparado com a gencitabina ou pemetrexed administrados como droga única. Esse dado ajuda muito o médico a manejar o caso de pacientes idosos.

Outra boa notícia vai para os pacientes com câncer de pulmão que possuem mutações ativadoras no gene EGFR. Esse grupo de pacientes responde por cerca de 15% doa pacientes com câncer de pulmão. Atualmente esses pacientes não são tratados na primeira linha com quimioterapia. São utilizadas medicações alvo como o gefitinib e o erlotinib. O resultado costuma ser muito  bom. Parece que agora vamos conseguir melhorar o que já é bom!

Foram apresentados os dados do estudo ARCHER 1050 pelo Dr. Tony Mok, comparando o Dacomitinib com o Gefitinib. Nesse estudo, que incluiu apenas pacientes com mutações EGFR, mostrou que o Dacomitinib foi superior ao tratamento até então considerado padrão.

Outro estudo importante foi o ALEX. Ele mostrou que o Alectinib foi superior ao crizotinib  em pacientes com câncer de pulmão e mutação do tipo ALK.Esse tipo de mutação está presente em cerca de 5% dos pacientes  com câncer de pulmão. O crizotinib é o tratamento até então considerado padrão para esses pacientes.

Aproximadamente 15-20% dos casos de câncer de pulmão são chamados de câncer de pequenas células. Aqui a imunoterapia vem mostrando bons resultados assim como no câncer de pulmão não pequenas células. Os dados do estudo Check-mate 032 mostraram que pacientes com câncer de pequenas células já tratados com quimioterapia tiveram bons resultados com o uso de Nivolumab isoladamente ou associado ao Ipilimumab.

Sabemos que muitas dessas novidades demoram para chegar aqui no Brasil. Isso e as dificuldades de acesso aos melhores tratamentos (quando eles chegam) não podem nos desanimar.

 

Autor:

Dr. Volney Soares Lima
CRM MG 33029 / RQE 15235
Médico Oncologista Clínico do Hospital Felicio Rocho e da clinica Oncocentro BH
Membro Titular Sociedade Brasileira Oncologia Clinica

 

Comments (2)

  1. Pacientes com PDl-1 negativo, pode fazer imuno com nivolumab? Já foi usado Iressa, ALimta e agora será com o Nivolumab. Quadro geral do paciente Bom. Com linfonodos comprometidos no mediastino, mas sem nenhum sintoma. Só tosse. Qual seria a expectativa? Boa ou ruim? Por favor me esclareçam? Estou uma pilha de nervos!

    • Alguns dos estudos do Nivo em câncer de pulmão náo utilizaram o pdl1 como biomarcador
      portanto ele pode ser utilizado sim.
      Cerca de 20% dos pacientes respondem de alguma forma. E aqueles que respondem costumam ir bem.
      Náo perca a esperança!!

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