Sobreviventes do câncer de testiculo
O câncer de testículo tem duas características importantes: sua incidência em pessoas jovens e sua elevada taxa de cura.
Isso faz com que o número de sobreviventes de câncer de testículo (pessoas que ficam efetivamente curadas da doença) seja crescente.Esses sobreviventes merecem cuidados especiais pois tem maior chance de desenvolverem complicações cardiovasculares, aumento de colesterol, disfunção renal e parestesia.
A Cisplatina ( o principal quimioterápico usado no tratamento do câncer de testículo e um dos principais responsáveis pelas altas de cura da doença) pode causar efeitos que tem impacto na vida dos sobreviventes do câncer de testículo. Olha que interessante: um grupo de pesquisadores publicou no ano 2000 um estudo mostrando que a cisplatina pode ser detectada no organismo de sobreviventes do cancer 20 anos após o término do tratamento!!
Um recente trabalho Holandês publicado em novembro/2015 na revista Annals of Oncology também relacionou a cisplatia à complicações tardias. Através de técnicas laboratorias os cientistas conseguiram estimar a concentração de cisplatina no sangue dos sobreviventes do câncer de testicúlo. As principais conclusôes do estudo foram as seguintes:
- Quanto maior a dose de Cisplatina recebida durante o tratamento quimioterápico maior a chance do paciente apresentar niveis sanguíneos elevados da droga tardiamente; ou seja demora mais tempo para o organismo ficar totalmente livre da droga.
- A função renal imediatamente antes e imediatamente após o término da quimioterapia também sâo fatores importantes. Quanto melhor a função renal, menos droga foi encontrada no organismo dos pacientes no longo prazo.
- Pacientes que mantinham niveis elevados de Cisplatina por periodos prolongados tiveram mais chance de desenvolver as seguintes complicações; hipertensão arterial, elevação do colesterol, hipogonadismo ( redução da produção da testosterona) e parestesias
Esses dados sâo muito importantes do ponto de vista prático. Os médicos devem se atentar para a dose adequada de quimioterapia, para a monitorização adequada da função renal e para orientar adequadamente os pacientes.
Referências
- DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(00)02044-4
- DOI: 10.1093/annonc/mdv369
Autor
Dr. Volney Soares Lima
CRM MG 33029 / RQE 15235
Médico Oncologista Clínico do Hospital Felicio Rocho, da clinica Oncocentro BH, da Urológica e do IPSEMG
Membro Titular Sociedade Brasileira Oncologia Clinica
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