Câncer de intestino grosso: Fatores de Risco

Câncer de intestino grosso: Fatores de Risco

O câncer intestino é uma das doenças neoplásicas malignas mais comuns em todo o mundo. É a quarta neoplasia mais frequentemente diagnosticada em ambos os sexos e a terceira causa mais comum de morte por ano no mundo (aproximadamente 630.000 casos ).

Devido a sua grande incidência e mortalidade, a prevenção dessa doença é de extrema importância. Uma das maneiras mais baratas e eficazes de prevenir o aparecimento dessa doença é evitar a exposição dos indivíduos aos fatores que predispõe o câncer colorretal. Vários estudos tem sido realizados com o objetivo de se encontrar os principais fatores de risco para essa doença.  Dentre eles, destacam-se:

1- Idade: a incidência e a mortalidade do câncer de intestino aumentam de forma exponencial com a idade, independente do sexo do indivíduo. A chance de um indivíduo apresentar o câncer aumenta de forma significativa a partir dos 50 anos. Casos antes dos 50 anos são incomuns e geralmente estão relacionados a síndromes genéticas familiares.

2- Alterações genéticas: Modificações em certos genes aumentam o risco do câncer de intestino. As principais síndromes genéticas familiares são a Polipose Adenomatosa Familiar, que é responsável por cerca de 1% dos casos do câncer colorretal e o câncer colorretal hereditário sem polipose (HNPCC), que é responsável por cerca de 5% dos casos de câncer.

3- Histórico familiar: indivíduos que possuem familiares com história de câncer colorretal apresentam um aumento do risco de desenvolvimento do câncer.

4- Fatores de risco dietéticos: uma dieta rica em gorduras e carne vermelha,  tem sido associada a um aumento da incidência do câncer de intestino. Em contra partida, uma dieta rica em frutas e verduras, fibras, cálcio e folato parece reduzir o risco do câncer, segundo alguns estudos.

5- Ingestão de bebidas alcoólicas: Os estudos tem demonstrado que uma significativa ingestão de bebidas alcoólicas (duas ou mais doses por dia) está associado a um aumento de até 3 vezes do risco do aparecimento do câncer de intestino.

6- Tabagismo: Os indivíduos tabagistas (que fumam 20 ou mais cigarros por dia) tem um aumento do risco de desenvolver o câncer colorretal em 2 a 3 vezes, se comparado com os não fumantes.

7- Obesidade: A obesidade parece aumentar o risco de câncer de intestino em homens e mulheres na pré-menopausa.

8- Atividade física: A realização de atividade física regular pode reduzir em 50% o risco o risco de câncer de intestino, quando comparados às pessoas sedentárias. O recomendado, segundo estudos, é a realização de 3,5 a 4 horas de atividade física intensa (corrida) ou mais que 7 horas de atividade física moderada (andar em um ritmo acelerado) por semana.

9- Terapia de reposição hormonal: Tem sido demonstrada uma redução de até 20% na incidência do câncer colorretal nas mulheres  submetidas a terapia de reposição hormonal, se comparada com aquelas que não a receberam. É importante ressaltar que devido a alguns potenciais efeitos adversos, a  terapia de reposição hormonal não deve ser indicada apenas para prevenção do câncer colorretal.

10- Uso de antiinflamatórios não esteroides e Aspirina: É crescente o número de estudos que tem demonstrado evidências de que medicamentos antiinflamatórios não esteroides e Aspirina estão associados com a redução do câncer colorretal. O uso desses medicamentos tem sido associados a uma diminuição de 16 a 92% na recorrência de pólipos adenomatosos do cólon e reto e na incidência do câncer.

11- Diabetes Mellitus: Alguns estudos apontam uma ligação entre o Diabetes Mellitus e o aumento na incidência do câncer colorretal.

12- Doença inflamatória intestinal (doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa): Pacientes portadores de doença inflamatória intestinal de longa data tem um aumento do risco de câncer colorretal. Esse risco é maior nos pacientes com Retocolite Ulcerativa, em comparação com os pacientes portadores de doença de Crohn. A extensão e o tempo da doença parece ter uma influência significativa no risco de câncer dos pacientes portadores de Retocolite Ulcerativa. Sendo assim, é de suma importância um acompanhamento rigoroso dos pacientes portadores dessas doenças, para evitar o aparecimento do câncer ou sua detecção precoce.

13- Presença de pólipos intestinais: A remoção dos pólipos intestinais ou lesões colônicas suspeitas através de colonoscopia, diminui significativamente o risco do câncer colorretal, já que muitos desses tumores se desenvolvem a partir dessas lesões.

14- Histórico de câncer: indivíduos que já tiveram câncer colorrectal anteriormente apresentam um risco aumentado de desenvolver a doença novamente no futuro. Mulheres que tiveram câncer de ovário, útero ou mama também possuem uma chance maior de desenvolver o câncer colorretal. Daí a necessidade de uma maior vigilância nesses pacientes e de um acompanhamento rigoroso.

Bibliografia:

1- Baxter NN, Guillem JG. Colorectal Cancer: Epidemiology, Etiology and Molecular Basis. In: Beck DE, Roberts PL, Stamos MJ, Rombeau JL, Wexner SD. The ASCRS Manual of Colon and Rectal Surgery. New York: Springer: 2009. p. 463-484.

2- Duarte-Franco E, Franco LE. Epidemiologia e Fatores de Risco em Câncer Colorretal.In: Rossi BM, Nakagawa WT, Ferreira FO, Aguiar Jr S, Lopes A. Câncer de colon, reto e ânus. São Paulo: Tecmedd; 2005. p. 287-325.

3-Chao A, Thun MJ, Connell CJ, McCullough ML, Jacobs EJ, Flanders WD, Rodriguez C, Sinha R, Calle EE. Meat consumption and risk of colorectal cancer. JAMA 2005;293:172-82

4- Giovannucci E. Modifiable risck factors for colon câncer. Gastroenterol Clin North Am 2002;31(4):925-43.

5- Trock B, Lanza E, Greenwald P. Dietary fiber, vegetables and colon câncer: critical review and meta-analyses of the epidemiologic evidence. J Natl Cancer Inst 1990;82(8):650-61.

 

Autor:Dr Paulo Rocha
CRM MG 41145RQE 21154Mestrado em Cirurgia pela UFMG.
Título de Especialista em Coloproctologia
Médico Coloproctologista do Hospital Felício Rocho.

Comments (3)

  1. Muito boa a matéria….Meu marido é portador de ca com recidiva na região da próstata fez terceira cirurgia em janeiro/2016 para ressecção de massa retroperitoneal.ha quatro anos estamos nessa luta,agora ele está há três meses com fístula., estamos aguardando cirurgia sabe como é o SUS.Eu tenho síndrome do intestino irritável,devo me preocupar,por favor me ajude.

  2. Muito bom a matéria parabéns….meu marido é portador de ca com recidiva já fez três cirurgias está aguardando a quarta.Estamos lutando há quatro anos…
    Eu tenho síndrome do intestino irritável,devo me preocupar?

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