Câncer de Pênis

Câncer de Pênis

O câncer de pênis é uma doença rara, porém extremamente agressiva e devastadora. Afeta profundamente a saúde dos pacientes, ocasionando danos físicos e psicológicos.

É um tumor raro com baixa incidência em países desenvolvidos. Nos Estados Unidos, dados doNational Cancer Institute (NCI), estimam em 2015 cerca de 1570 novos casos, com 0.1 a 0.9 casos por 100.000 homens por ano. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) definiu a incidência de 4.637 casos de câncer de pênis em 2009 e 295 mortes em 2007. O câncer de pênis acomete homens com média de idade entre 50-70 anos, entretanto 19% com menos de 40 anos (Mariela et al., 2010). A porcentagem de homens afetados pode variar de acordo com a região, sendo cinco vezes mais prevalente nas regiões Norte e Nordeste em comparação com as regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste, provavelmente relacionado também pelo desenvolvimento de cada região.

Os principais fatores de risco relacionados ao câncer de pênis são a presença da fimose (quando não se consegue expor a glande do pênis), tabagismo e hábitos de baixa higiene. Outros fatores de risco incluem inflamações no pênis de longa data e sem tratamento adequado como balanopostites (inflamações na glande), líquen plano e contaminação pelo vírus HPV. O HPV ou Vírus Papiloma Humano, em português, é um patógeno causador de verrugas ou hamartomas. Existem mais de 200 tipos de HPV, e alguns tem afinidade pela região genital.  O papel do HPV como causador do câncer de pênis ainda não está esclarecido, porém vários trabalhos relataram a presença deste vírus em câncer de pênis bem como a presença do vírus em linfonodos metastáticos, com predomínio dos subtipos 16 e 18.

O câncer de pênis tem uma forte associação com os aspectos socioeconômicos da população, o que torna esta doença um problema de saúde pública.

O principal tipo de tumor no câncer de pênis é o carcinoma de células escamosas, comumente conhecido como CCE, representando cerca de 95% dos casos. O CCE é um câncer conhecido por sua agressividade local, mas com baixo potencial de enviar a doença para outros locais mais distantes do corpo.

O diagnóstico dos pacientes com câncer de pênis geralmente é tardio, devido a vários fatores como à desinformação, baixo nível sócio econômico, à dificuldade de acesso a um médico especialista e, principalmente, ao tabu acerca do órgão sexual masculino.

A lesão peniana é ressecada de acordo com o seu tamanho: lesões pequenas e iniciais podem ser curadas com tratamentos tópicos ou ressecções locais, porém lesões maiores e mais avançadas podem necessitar de amputação do pênis, que algumas vezes pode ser total.

O tratamento da lesão no pênis tem como principal objetivo ressecar este tumor antes que ele dissemine para os linfonodos inguinais. O principal fator prognóstico ou o fator que pode indicar a chance de cura do paciente é a presença de acometimento destes linfonodos, e isto sempre  deve ser avaliado durante o tratamento.

Ao atender um paciente com câncer de pênis, o Urologista sempre examina a região inguinal, local de metástases, para tentar identificar esta presença. O grande desafio desta fase do exame se baseia na dificuldade da correta avaliação, uma vez que o aumento suspeito dos linfonodos pode indicar somente inflamação e linfonodos normais podem apresentar tumor em até 25% dos pacientes.

A cirurgia para retirada dos linfonodos inguinais se chama linfadenectomia inguinal, e esta deve ser feita bilateralmente uma vez que o acometimento apresenta disseminação cruzada. É uma cirurgia agressiva com taxas de complicações entre 24 a 87% e uma taxa de mortalidade em torno de 3%.  Porém não se pode retardar esta cirurgia, pois a linfadenectomia inguinal precoce melhora significativamente o prognóstico dos pacientes com micro metástases (aquelas que ainda não são detectadas com a palpação).

Dado a grande importância da avaliação dos linfonodos inguinais e seu impacto na cura do paciente, somado ao fato da avaliação clínica apresentar altos índices de falsos positivos (pacientes com linfonodos palpáveis mas sem doença) tornam-se necessários métodos de avaliação mais avançados.

Uma nova ferramenta que está sendo utilizada como uma tentativa em aumentar a eficácia do diagnóstico de prováveis metástases linfonodais ocultas e evitar cirurgias desnecessárias é a tomografia com PET (PET-TC), que significa uma tomografia que detecta a atividade metabólica da doença – nos tumores de pênis utilizamos o metabolismo da glicose ou açúcar como alvo de pesquisa. Nos casos de PET-TC positiva, ocorre um aumento da detecção de linfonodos positivos, bem como maior precisão na localização das metástases com até 86,3% de acurácia em pacientes com região inguinal sem alterações.

O câncer de pênis é uma doença de grande impacto para a saúde dos homens que ela acomete e apresenta ocorrência elevada em países subdesenvolvidos. Infelizmente a sua etiopatogênese é pouco estudada e uma melhor avaliação do acometimento dos nódulos  inguinais é necessária para evitar o super tratamento. Novos estudos sobre como a doença progride são ferramentas importantes para um melhor conhecimento e melhor tratamento dos pacientes.

Bibliografia:

1.    Favorito,LA; Nardi, AC; Ronalsa,M; Zequi, SC; Sampaio,FJB; Glina,S. Epidemiologic Study on Penile Cancer in Brazil. Int Braz J Urol. 2008; 34: 587-93.

2.    Solsona E, Algaba F, Horenblas S, Pizzocaro G, Windahl T; European Association of Urology: EAU Guidelines on Penile Cancer. Eur Urol. 2004; 46: 1- 8

Wiener JS, Walther PJ. The association of oncogenic human papillomaviruses with urologic malignancy. Surg Oncol Clin North Am 1995;4: 257–76.

Backers DM, Kurman RJ, Pimenta JM, Smith JS; Systematic review of human papillomavirus prevalence in invasive penile cancer. Ca Caus Cont; 20:449-457; 2009

Misra S, Chaturvedi A, Misra NC. Penile carcinoma: a challenge for the developing world. Lancet Oncol 2004;5:240–7.

Horenblas S, van Tinteren H, Delemarre JF, et al. Squamous cell carcinoma of the penis. III. Treatment of regional lymph nodes. J Urol 1993; 149:492–7.

Dai B, Ye DW, Kon YY, et a; Predicting regional lynph node metastatic in Chinese patients with penile squamous cell carcinoma: the role of histopathological classification, tumor stage and deep of invasion. J Urol 176: 1431-1435; 2006

Lont AP, Kroon BK, Gallee MP, et al. Pelvic lymph node dissection for penile carcinoma: extent of inguinal lymph node involvement as an indicator for pelvic lymph node involvement and survival. J Urol 177:947, 2007.

Ficarra V, Zattoni F, Cunico SC, et al. Lymphatic and vascular embolizations are independent predictive variables of inguinal lymph node involvement in patients with squamous cell carcinoma of the penis. Gruppo Uro-Oncologico del Nord Est (Northeast Uro Oncological Group) Penile Cancer data base. Cancer 2005;103:2507–16.

Graafland NM, Leijte JA, Valdes Olmos RA et al: Scanning with 18F-FDG-PET/CT for detection of pelvic nodal involvement in inguinal node-posi- tive penile carcinoma. Eur Urol; 56: 339; 2009

 

Autor:André Lopes Salazar

CRM-MG 34.298 RQE 14724

Urologista

Instituto Mário Penna

Rede Materdei de Saúde

 

Coordenador da Residência em Urologia do Inst. Mário Penna.

Membro da Comissão Superior de Título da Sociedade Brasileira de Urologia.

Editor do UROMINAS

 

email: salazar2175@gmail.com

Comments (6)

  1. Para muitos homens é um tabu falar que tem o Pênis pequeno, ainda mais quando vamos ter relação sexual com nossa parceira, é vergonhoso mesmo, mais isso hoje tem solução, clique no meu nome e veja o treinamento que me ajudou e me ajuda a aumentar o Pênis!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *