Câncer de Bexiga

Câncer de Bexiga

Epidemiologia

O Câncer de bexiga apresenta-se anualmente nos USA, com uma incidência de 16 casos por 100 mil homens e 5 casos por cada 100 mil mulheres. Foram estimados 69.250 casos novos em 2011, com 14.990 mortes por neoplasia de bexiga neste ano. No Brasil segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA) em 2012, são 6.210 casos novos de bexiga em homens e 2.690 em mulheres, correspondendo a um risco estimado de 6 casos novos a cada 100 mil habitantes.Sem considerar os tumores de pele do tipo não melanoma, o câncer da bexiga em homens é o sétimo mais frequente nas regiões Sudeste (9/100 mil) e Centro-Oeste (6/100 mil). Na região Sul (9/100 mil) ocupa a oitava posição. Nas regiões Norte (2/100 mil) e Nordeste (2/100mil), ocupa a 11ª posição. Para as mulheres, essa neoplasia maligna não se configura entre as mais incidentes, ocupando a 13ª posição na região Norte (1/100 mil) e a 14ª posição nas regiões Sudeste (4/100 mil), Sul (3/100 mil), Centro-Oeste (2/100)mil) e Nordeste (1/100 mil).

É mais frequente em homens idosos de 60-65 anos e tem maior ocorrência em brancos que em asiáticos e negros.

Fatores de risco

Há relação com tabagismo, que pode aumentar o risco em 40% quando comparado com não fumantes, e outros fatores de exposição como solventes, resíduos de fumo, abuso de analgésicos (fenacetina), exposição prévia a ciclofosfamida, dieta rica em carne ou gordura animal, infecções urinárias crônicas, radiação pélvica e paraplegia podem aumentar risco em 37%. O consumo de café permanece polêmico e ainda não está bem esclarecido.

Patologia e Biologia molecular

O carcinoma de bexiga, predominantemente chamado de urotelial, é formalmente conhecido como de ‘células transicionais’, e pode ser uni ou multifocal.

90% dos casos são uroteliais, 5-10% são de carcinoma escamoso e 4-5 % são adenocarcinomas, podendo haver subtipos raros, como tipos celulares anaplásicos de pequenas células, linfoma, sarcoma e melanomas de bexiga.

A análise citogenética nos cânceres de bexiga tem demonstrado presença de alterações nos cromossomos 9, 11 e 17 com perda do alelo e perda da heterozigose como defeitos mais comuns.

Classificação

Neoplasias de bexiga podem ser invasivas e não invasivas (superficiais).

Não invasivas: tumores papilíferos (60% das apresentações) e os carcinomas in situ;

Invasivas: quando acometem a camada muscular própria (camada mais profunda da bexiga).

Os tumores não invasivos geralmente são assintomáticos, podendo haver hematúria ao exame de urina, polaciúria (aumento da frequência urinária), disúria (dor ao urinar), noctúria (aumento da frequência urinária durante a noite) e queimação ao urinar.

Já os invasivos podem apresentar os sinais e sintomas acima e outros, como fluxo urinário mais lento, dor pélvica, dores à ejaculação e mais raramente incontinência fecal e insuficiência renal obstrutiva.

No câncer invasivo pode se desenvolver metástases e os sítios mais comuns são pulmões, ossos, linfonodos pélvicos e aórticos, e mais raramente cérebro ou mesmo pele.

Algumas manifestações dos tumores invasivos não metastáticos tais como trombose venosa profunda e produção de fatores estimuladores de colônia ou macrófagos são comuns pela liberação de citocinas.

Nos carcinomas escamocelulares pode ocorrer liberação de fatores pth–like, ocasionado hipercalcemia (aumento do cálcio no sangue).

Exames para Investigação do câncer de bexiga

Além dos exames de suspeita como análise da urina há recomendação de diagnóstico pela cistoscopia (visualização direta da lesão com biópsia e análise histopatológica da amostra).

Não há um exame de “screening“ ou rastreamento que se deva fazer anualmente, como ocorre nos casos de mamografia na detecção do câncer de mama.

Há um protocolo de ensaio para amplificação da repetição telomérica, onde  avaliação de ATB (atividade para telomerase da bexiga) pode ser usada como antígeno do tumor da bexiga. Porem ainda são necessários estudos prospectivos para uma melhor aplicação na prática clínica.

Exames de imagem como tomografia e ressonância magnética são importantes no estadiamento da doença, pois se pode possibilitar uma melhor abordagem multidisciplinar tanto do oncologista clínico como do cirurgião e do radioterapeuta.

Tratamento

Após realização do diagnóstico, classificação e estadiamento do tumor, devem participar da escolha terapêutica o urologista, oncologista e radioterapeuta. Na maior parte das vezes, 70-80 % dos tumores são superficiais e são tratados com infusão intravesical de Onco-BCG. Quando são invasivos já podem ser submetidos à neoadjuvância, seguidos por cistectomia ou quimioterapia e radioterapia concomitantes associados à preservação do órgão.

Referências bibliográficas

1.     Raghavan D, Shipley WU, Garnick MB, Russell PJ, Richie JP. N Engl J Med. 1990 Apr 19;322(16):1129-38.

2.      Siegel R, Ward E, Brawley O, Jemal A. CA Cancer J Clin. 2011 Jul-Aug;61(4):212-36. doi: 10.3322/caac.20121. Epub 2011 Jun 17

3.      Fleshner N, Kondylis F. Demographics and epidemiology of urothelial cancer of the urinary bladder. In: Droller M, ed. American Cancer Society atlas of clinical oncology: urothelial tumors. Hamilton, Ontario, Canada: BC Decker; 2004. pp. 1-16.

4.     Freedman ND, Silverman DT, Hollenbeck AR, Schatzkin A, Abnet CC.  JAMA. 2011 Aug 17;306(7):737-45. doi: 10.1001/jama.2011.1142.

5.Chatterjee SJ, Datar R, Youssefzadeh D, George B, Goebell PJ, Stein JP, Young L, Shi SR, Gee C, Groshen S, Skinner DG, Cote RJ. J Clin Oncol. 2004 Mar 15;22(6):1007-13. Epub 2004 Feb 23.

6.     Brown JL, Russell PJ, Philips J, Wotherspoon J, Raghavan D. Br J Cancer. 1990 Mar;61(3):369-76.

7.  INCA- INSTITUTO NACIONAL DO CANCER – www.inca.gov.br/estimativa/2012/

8.UICC (União Internacional contra o Câncer)  – 8ª Edição –  Manual de Oncologia

 

Autor:Dr . Stefany Cardoso Faria

CRM/SP 110.950

Médico Assistente   Oncologista Clinico CAISM/UNICAMP

Médico Centro Oncológico Clinico Unimed Campinas,

Membro Sociedade Brasileira de Oncologia Clinica

Membro da American Cancer Society(ASCO)

International Trainee Breast Cancer Departament- MDanderson Cancer Center

Email :   stefany@unicamp.br

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *