Câncer de intestino grosso: nova descoberta

Câncer de intestino grosso: nova descoberta

O câncer de intestino grosso é uma doença muito comum, tanto entre as mulheres quanto homens. Está entre as principais causas de morte por câncer no Brasil e no mundo. Quando descoberto em fases iniciais, tem boas chances de cura. Após a realização da cirurgia, a principal modalidade de tratamento, alguns pacientes devem receber quimioterapia para reduzir o risco de recidiva da doença.

Esse mês, na importante revista The New England Journal of Medicine, foi publicado um estudo que ajuda a desvendar quais pacientes são os mais beneficiados pela quimioterapia.

Para explicar melhor, vamos contar como funciona na prática: após a cirurgia, o paciente procura o médico oncologista, levando o resultado do exame anátomo-patológico da cirurgia realizada. Pacientes com doença muito inicial, chamada estadio I, não devem realizar quimioterapia, pois têm uma chance de cura muito boa, apenas com a cirurgia. Pacientes que apresentam acometimento de linfonodos (gânglios) pelas células tumorais (estadio III) são tratados na grande maioria dos casos com quimioterapia, pois esse tratamento comprovadamente aumenta as chances de cura quando comparado com a cirurgia isolada.

O grande problema está nos casos intermediários, o estadio II. Para esses pacientes, a indicação da quimioterapia não é uniforme. Não se sabe com certeza quais os pacientes que realmente irão se beneficiar da quimioterapia e muito se tem pesquisado para solucionar esse problema.

No trabalho publicado essa semana, pesquisadores americanos, utilizando ferramentas muito modernas de bioinformática, conseguiram isolar um gene e consequentemente uma proteína, que pode ajudar a separar os pacientes que evoluem de forma mais favorável e poderão não necessitar da quimioterapia. Esse gene é o CDX2. Veja os principais resultados da pesquisa:

– Apenas um pequeno percentual dos pacientes com câncer de intestino, cerca de 7%, não expressa o CDX2, e são chamados de CDX2 negativos.

– Pacientes com tumores CDX2 negativos apresentam maior chance de recidiva após a cirurgia e maior risco de morrerem pelo câncer de intestino, quando comparados com aqueles CDX2 positivos.

– O uso da quimioterapia beneficiou os pacientes com tumores CDX2 negativos.

– A pesquisa de CDX2 pode ser feita por imunohistoquímica, um exame bem mais simples do que um teste genético.

Os dados apresentados pelos americanos devem ser validados em novos estudos, mas sem dúvida representa um passo importante para a melhor seleção dos pacientes que necessitarão de quimioterapia.

Referência

http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1506597?query=featured_home

Autor

Dr. Volney Soares Lima
CRM MG 33029 / RQE 15235

Médico Oncologista Clínico do Hospital Felicio Rocho, da Clínica Oncocentro BH e do IPSEMG. Membro Titular Sociedade Brasileira Oncologia Clinica

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *