Câncer de pulmão: nova medicação

Câncer de pulmão: nova medicação

Cerca de 20% pacientes com câncer de pulmão não pequenas células possui uma mutação no EGFR, proteína da membrana das células que age diretamente no crescimento e divisão celular. Para estes pacientes a primeira escolha de tratamento é uma medicação oral, da classe dos TKI (sigla em inglês que significa inibidores da tirosina kinase), que inibe estas proteínas mutadas e, por isso, superativadas. O problema é quando a droga para de funcionar.

Os pesquisadores perceberam a causa de parte dos pacientes que pararem de responder aos TKI é outra mutação: T790M. E a boa notícia é que já temos uma droga que age nesta mutação: o Osimertinib.

Para confirmar a efetividade do Osimertinib, pesquisadores realizaram um grande estudo batizado de AURA3. Nele foram selecionados pacientes de 126 centros de tratamento de agosto de 2014 a setembro de 2015. Para entrar no estudo os pacientes deveriam preencher os seguintes critérios:

– Ter câncer de pulmão não pequenas células avançado;

– Ter sido submetido a tratamento com terapia alvo para EGFR e ter parado de responder a medicação;

– Ter a mutação do T790M;

– Caso tivesse metástase no cérebro, o paciente não poderia estar tendo sintomas das metástases nem estar em uso de corticoide.

Os 419 pacientes selecionados foram divididos em dois grupos de maneira aleatória: um grupo recebeu o Osimertinib, o outro grupo recebeu quimioterapia. O grupo do osemertinib recebeu o dobro de pacientes do grupo da quimioterapia. O tratamento sorteado era suspenso em três situações: desejo do paciente em parar, efeitos colaterais inaceitáveis ou crescimento do tumor apesar da medicação.

Os resultados foram animadores para o grupo do Osimertinib:

– A duração média de tempo sem crescimento do câncer foi maior no grupo do Osimertinib: 10,1 meses em comparação com 4,4 meses da quimioterapia;

– A taxa de redução do tumor também foi maior no Osimertinib: 71% contra 31% da quimioterapia;

– Nos pacientes com metástase no cérebro o Osimertinib também foi superior com mais que o dobro do tempo sem aumento da doença no cérebro;

Para finalizar o osimertinib ainda foi menos tóxico que a quimioterapia, com 23% dos pacientes apresentando efeitos colaterais importantes, contra 47% dos pacientes em quimioterapia.

Bibliografia:

http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1612674?query=featured_hematology-oncology

http://jamanetwork.com/journals/jamaoncology/fullarticle/2120911

Autora

Dra Maria Helena Cruz Rangel Da Silva
CRM mg 49563 RQE 28713
Médica Oncologista Clínica da clinica Oncocentro Bh

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