A morfina no controle da dor: nova abordagem.

A morfina no controle da dor: nova abordagem.

A dor certamente é um dos sintomas mais temidos pelos pacientes com câncer. Estudos estimam que aproximadamente 90% dos pacientes com diagnóstico de câncer apresentam dor durante sua doença e que apenas metade desses pacientes recebem o tratamento adequado para aliviar a dor. Existem várias armas para se combater a dor de um paciente com câncer. O uso de medicamentos, dentre os quais se destacam os da classe dos opióides, é parte integrante do tratamento de um grande número de pacientes.

Estudo italiano publicado no Journal of Clinical Oncology em fevereiro de 2016 avalia o uso de doses baixas de morfina em pacientes com câncer e propõe uma abordagem diferente da adotada habitualmente.

Tradicionalmente a Organização Mundial de Saúde recomenda que a dor oncológica seja manejada com medicamentos administrados em três passos:

– Primeiramente inicia-se com analgésicos não opióides.

– O segundo passo é a prescrição dos chamados opióides fracos (por exemplo: codeína e tramadol).

– Após falha dos passos acima, inicia-se com opióides fortes (morfina, metadona, fentanil, oxicodona).

Essa recomendação da Organização Mundial de Saúde, desenvolvida em 1986,  foi muito importante, pois ajudou a disseminar conceitos simples e a melhorar o tratamento da dor relacionada ao câncer, em várias partes do mundo. Todavia essa recomendação não tem muita força científica (sustentação em grandes estudos clínicos de boa qualidade).

O que os pesquisadores italianos fizeram foi retirar o segundo passo e prescrever morfina em doses baixas para pacientes com dor de intensidade moderada (ou seja, reduziu o manejo para apenas dois passos). Em um estudo de boa qualidade (randomizado) eles compararam essa estratégia com aquela preconizada pela Organização Mundial de Saúde.

Os pacientes que receberam morfina mais precocemente tiveram melhor controle da dor e melhor qualidade de vida. O interessante foi que não houve aumento significativo de efeitos colaterais.

O correto diagnóstico da dor e seu tratamento são fundamentais para garantir uma melhor qualidade de vida para os pacientes com câncer. A morfina é uma droga relativamente barata e, quando prescrita da maneira adequada, segura, cuja prescrição não deve ser relacionada, de forma alguma, apenas a fases avançadas ou terminais da doença.

É comum que pacientes tenham o conceito que a morfina seja uma droga usada apenas em fases terminais da doença. Isso não é verdade.

Referência

  1. http://jco.ascopubs.org/content/34/5/436.abstract

Autor

Dr. Volney Soares Lima
CRM MG 33029 / RQE 15235

Médico Oncologista Clínico do Hospital Felicio Rocho, da Clínica Oncocentro BH e do IPSEMG. Membro Titular Sociedade Brasileira Oncologia Clinica

Comments (1)

  1. É, realmente a morfina é muito forte, mei marido, em estagiu muito avançado, ja passou por varios medicamentos pra dor e nada, sentia muitas dores, até o medico indicar morfina de 8/8 hs, consegui controlat um pouco suas dores, moto q ele reclama menos das dores. Ele yem apenas
    59 anos. Começou no pulmã, em 1 ano ja tomou de conta de seu corpo incluindo agora na cabeça, são varios, esta na radioterapia, não sei até quando….

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